domingo, 14 de julho de 2013

O Tempo e a Arte...

Os relógios derretidos de Salvador Dalí representados no quadro "A Persistência da Memória", me chamaram logo a atenção desde a primeira vez que tive o prazer de contemplá-los. Talvez por ser surreal, mas com um toque digamos, sutil e ao mesmo tempo arrebatador de realidade. A arte tem esse dom de ser e não ser, de significados múltiplos a depender do olhar de quem a aprecia, e não só do olhar, mas também do contexto e do estado de espírito de quem a vê. 
A obra de Dalí logo nos remete à ideia de tempo, sua fluidez, da natureza de algo quase inexplicável, do domínio se é que existe, apenas e talvez da filosofia. Tentar definir o tempo em palavras não é tarefa das mais simples, porém a arte toca mais de perto a alma, seus anseios, sentidos e aflições e por essa razão consegue traduzir de forma mais aproximada aquilo que o ser humano carrega no seu íntimo, aquilo que traz no seu âmago... Não se pode se apropriar do tempo, pará-lo ou aprisioná-lo, nem mesmo a memória é capaz de fazê-lo. 
A obra de Dalí é de uma sutileza, mas ao mesmo tempo de uma voracidade, intensidade impressionantes, sempre que a contemplo é como se fosse a primeira vez e me deleito com o que vejo, com o que sinto, com as sensações que ela me causa.

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